sábado, 31 de janeiro de 2009

PROBLEMAS ENCONTRADOS NAS REDAÇÕES SOBRE A PROPOSTA DA UFPR (PÁGINA 12 DA APOSTILA CADERNO) E ORIENTAÇÕES PARA PRÓXIMA AULA

Já corrigi quase todas as redações sobre o tema da redação da Ufpr. Encontrei muitos problemas, sobre os quais eu gostaria que vocês refletissem (vou trancrevê-los exatamente como foram escritos).

1. Problemas de leitura e entendimento da entrevista.

a) "Na verdade, a maioria dos jogadores concordavam com a política."

b) "A maioria dos jogadores eram contra a situação política em que o Brasil estava."

c) "Depois que Saldanha saiu, a maioria absoluta dos jogadores era alheia à política do país (...)."

d) "Tostão não se envolvia muito com política e para ele não tinha importância se a copa era ou não a estampa do governo Médici."

e) "A copa de 70 marcou o início do regime militar, estampando 0 governo Médici."

f) "Depois da Copa do Mundo, os jogadores ficaram incomodados ao chegar no Brasil e serem recebidos por Médici (o Presidente da República)."

g) "Não houve conversa entre os jogadores sobre o governo e ainda menos quando o treinador João Saldanha deixou de ser treinador, portanto os jogadores não sabiam da situação política do país."

h) "Tostão e os outros jogadores estavão mais empolgados em ganhar o jogo, e também sua família era contra as atitudes do regime, mas ele mesmo assim deu o melhor no jogo."

i) "Não houve conversa sobre a felicidade imensa da nação em uma época ruim para o país que marcou talvez o pior momento do regime militar."

j) Tostão, Eduardo Gonçalves de Andrade, em uma entrevista para a Universidade Federal do Paraná (UFPR) comenta sua participação na copa de 1970.

2. Cópia "disfarçada" ou não da coletânea

a) "A maioria absoluta dos jogadores era alheia à situação política do país."

b) "A copa de 70 foi usada de um jeito meio sombrio (...)".

c) "A maior parte estava estava preocupada com o problema do futebol, com a sua profissão."

d) "(...) mas com amigos e familiares era extremamente contra o regime, que tinha no país."

3. Problemas de ligação, encadeamento entre as idéias (principalmente pelo mal uso de conectivos, sobretudo, as conjunções)

a) "A Copa de 70 foi usada de um jeito sombrio pois o país estava passando por uma época difícil, a época da Ditadura Militar."

b) "Apesar da Copa de 70 estar no meio do regime militar, o Brasil venceu."

4. Problemas gramaticais

a) "(...) ele acha que a saida do Saldanha tem haver com a política."

b) "Com raras exeções, a mior parte estava preocupada com o problema do futebol (...)."

c) "Muitas veses, era difícil algum jogador do time envolver-se em algum ato político ou na própria política."

d) "Mas, oque mesmo importava para os jogadores era faser a festa (...)."

e) "Não ouve conversa."

f) "(...) comentou sobre a Copa de 1970 e a repreenção do Regime Militar."

g) "Apezar do governo estar ligado à Copa, Tostão disse que não houve conversas entre os jogadores e o treinador."

h) "(...) ao invés de se preucuparem também (...) ele ficou encomodado (...)."

i) decada - pais - politica - intimas - polemica - substituido - publica - saida - familia etc.



Diante de tantos problemas, julgo conveniente refazer a atividade na próxima aula. Para que o resultado seja melhor, sugiro:

1. leitura e releitura da proposta da página 12;

2. síntese oral da entrevista para alguém que também tenha-a lido ou gravação (que deve ser ouvida atentamente) da síntese da entrevista para verificar se você realmente a compreendeu;

3. leitura e releitura dos textos produzidos pelos candidatos da Ufpr (tantos os ruins quanto os excelentes) para saber o que você deve ou não fazer.

Encerro por aqui. Abraços para todos.

AULAS 1 E 2

Durante a próxima semana, procure:

1. Ler a página 8 e 9 da apostila caderno: Linguagem falada e linguagem escrita;

2. Fazer as atividades das pàginas 9 a 11 (as sugestões de respostas já estão no blog);

3. Fazer o que está indicado na página 11, no tópico "Em casa".

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

REDAÇÃO PRODUZIDOS POR VESTIBULANDOS NA PROVA DA UFPR

Leia atentamente os textos abaixo, analisando a avaliação que eles receberam segundo os critérios entre parênteses.

NULO (narrativa ou opinião; fuga ao conteúdo da entrevista; problemas de leitura; cópia; texto mal escrito)

Tostão via que, todos ou a maioria dos jogadores criticava o governo, mas que era coisas de conversas. No futebol pensava somente no futebol. A questão governo seria somente por conversa que ele se expressaria e não por atos e vinganças. Mas ele via que o futebol tem fator político de grande importância e começou a incomodá-lo.

Entrevistador: A conquista da copa de 70 foi utilizada de uma forma meio sombria; já que a população estava feliz mesmo com a opressão feita ao povo. Você ficou envergonhado com isso?
Tostão: Saldanha era o único que costumava falar de política, com a sua saida inesplicada todos “aboliram” a política como tema de suas conversas
Entrevistador: Qual a posição de Pelé nesse assunto?
Tostão: Pelé se dedicava por completo ao futebol deixando de lado a política. Já eu me arrependi de Ter ido a recepção da seleção por parte de Médici, mais naquela hora o que contava era a festa.

A beira de um colapso o governo Médice focalizou a copa de 70 para amenizar a crise ou momento que o pais se encontrava. Tudo era controlado pelo governo e pessoas com várias habilidades tinham que optar por uma e também pelo silêncio, para não serem perseguidos pelos militares, regime em que o país “vivia”. A substituição de Saldanha por Zagalo, fato inexplicado no momento, a tensão e a própria superação do grupo de jogadores mesmo após conquista do México, voltara sob forte pressão política imposta pelo General Médice.

INSUFICIENTE (narrativa ou opinião; recuperação precária do conteúdo da entrevista; problemas de leitura; cópia; poucas linhas preenchidas; texto relativamente mal escrito)

A copa de 70 foi usada de um jeito meio sombrio, pois era uma época muito dura para o país durante o regime militar, em pleno governo Médici.
Entre os jogadores não havia conversas sobre o regime militar, Principalmente após a saida de Saldanha do comando da seleção, que com muita certeza foi por motivos políticos. Segundo Tostão, a maioria dos jogadores não estavam preocupados com a situação do Brasil, e sim com os jogos da seleção, e isso o incomodava muito.

Muitas pessoas quando conversam sobre copas do mundo, se enchem de alegria, principalmente os brasileiros. Mas há alguns que apresentam um sentimento diferente sobre a copa de 70, talvez porque ela foi usada de um jeito meio sombrio, trazendo ao país uma enorme alegria pela conquista diante de um dos piores momentos do regime militar. Tostão, destaque da seleção, afirmou que os jogadores não conversavam sobre problemas políticos. Principalmente depois da demição do Saldanha, este sim gostava desses assuntos. Mesmo pelé, segundo tostão todos estavam preocupados com o futebol. Porém, vinte e três anos depois ele disse que o regime o encomodava.


REGULAR (resposta à proposta: síntese da entrevista; recuperação parcial do conteúdo da entrevista; texto relativamente bem escrito)

Tostão, jogador de futebol brasileiro, em entrevista concedida em 1993, comentou que a Copa de 70 foi usada no regime militar como estampa do governo Médici. Ele aponta que a saída do treinador da seleção, João Saldanha teve influência política. Comentou ainda que a maioria dos componentes da seleção estava preocupada com o futebol e não com a situação política do país, inclusive Pelé. Durante a Copa Tostão também centrava sua atenção no futebol. Mas percebeu que após a vitória tinha um peso político muito grande.

Na entrevista feita com Tostão, ex jogador de futebol, o entrevistador, após comentar sobre o uso sombrio da conquista da copa de 70, perguntou ao craque como isso soava entre os jogadores e se conversavam sobre isso. Obteve uma resposta negativa e o entrevistado atribuiu à saída de Saldanha, técnico das eliminatórias que gostava de conversar, a falta de conversas. Completou dizendo que a maioria dos jogadores era alheia à situação. Então o entrevistador pergunta de Pelé e Tostão diz que quase todos estavam preocupados apenas com o futebol, embora ele, Tostão, intimamente era contra o regime, mas durante a copa não preocupou-se com isso. Também sentiu-se incomodado com o valor político da conquista.

BOM (resposta da proposta síntese da entrevista; recuperação das duas principais ideias - 1) os jogadores, voltados ao futebo, estavam alheios à situação política; - 2) auto-crítica de Tostão; texto bem escrito)

Em entrevista, Eduardo Gonçalves de Andrade, o Tostão, foi questionado sobre o papel que a vitória da seleção brasileira na Copa do Mundo de 70 teria desempenhado para encobrir a ditadura de Médici. O jogador afirmou que, no momento, não notou o imenso valor político que aquele título trazia consigo e, que mais tarde, chegou a se arrepender de ter ido a Brasília para receber os cumprimentos do presidente. Tostão informou, também, que a maioria de seus colegas, incluindo Pelé, estava preocupada somente com o futebol, deixando as questões políticas em segundo plano. Por isso, não havia conversas, entre eles, sobre a situação do país.

Um dos maiores jogadores de futebol brasileiro que jogou na Copa de 70 confessa que se arrepende de ter participado da comemoração em Brasília após a vitória no México. Ao ser perguntado sobre a situação política do país, que passava pelo pior momento do regime militar, Tostão diz que o time não se preocupava muito sobre o assunto, principalmente depois da saída de Saldanha (técnico substituído por Zagalo na época). Segundo ele a maioria dos jogadores era alheia à situação política do país, assim como Péle também era. O jogador ainda relata que apesar de possuir ideais políticos não percebeu que a copa estava servindo de estampa para o governo Médicini.

EXCELENTE (resposta da proposta síntese da entrevista; recuperação das duas principais ideias - 1) os jogadores, voltados ao futebo, estavam alheios à situação política; - 2) auto-crítica de Tostão; texto muito bem escrito, com boas articulações sintáticas e textuais e léxico diferenciado)

Em entrevista ao veículo de comunicação Novos Estudos CEBRAP, o ex-jogador de futebol Tostão revela sua opinião sobre a relação entre a Copa de 70 e a política do governo Médici. Segundo o entrevistado, a maioria dos componentes da seleção de 70 evitavam manifestar comentários de cunho político, principalmente após a substituição do técnico Saldanha por Zagalo. Para o atleta, a grande preocupação dele e dos colegas, dentre eles Pelé, era com o futebol e, apesar de admitir que tinha suas concepções sobre o governo, a Copa de 70 era prioridade absoluta. Contudo, depois da vitória e do fervoroso encontro com o presidente Médici, Tostão declarou estar arrependido e consciente de que o evento da década de 70 teve forte vínculo político.

O Regime Militar no Brasil teve início com o Golpe de 64, terminando com a eleição de Tancredo Neves. Durante o Governo Médici (1969-1974), o Brasil conquistou o tricampeonato mundial de futebol. Entretanto, esse título foi usado pelo governo militar como propagando do Regime. Em 1993, ao ser indagado sobre o assunto, o jogador Tostão, que disputou o munial, declarou, primeiramente, que os jogadores não discutiam sobre o assunto, mas afirmou que João Saldanha, técnico durante as eliminatórias, comentava muito sobre esse tema, e talvez tenha sido demitido por essa causa. Posteriormente, Tostão confessa ao entrevistador que, no momento da disputa do Mundial, estava concentrado em conquistar o título, mas no íntimo, tinha posições políticas, era contrário ao Regime, mas não manifestava-se publicamente com receio de que pudesse interferir na sua carreira. E ao término da Copa, ao perceber que ele e eseus companheiros foram usados como propaganda da Ditadura, admitiu que sentiu-se incomodado, mesmo estando feliz por ter ganho o campeonato.


http://www.nc.ufpr.br/concursos_institucionais/ufpr/ps2005/redacoes2005.doc

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TEXTO PUBLICADO NA COLUNA "LER PARA VIVER", EM 29/01/2009, NO DIÁRIO DE MARÍLIA


OSÓRIO ALVES DE CASTRO (1901 - 1978) – outro personagem (esquecido) da memória mariliense


Nas semanas anteriores, nesta mesma coluna, a Profª Márcia Garcia teceu algumas considerações sobre o escritor José Geraldo Vieira. Para esta semana, atendendo a uma solicitação dela, escrevo sobre outro romancista esquecido pela crítica e pelo público: o escritor-alfaiate Osório Alves de Castro.
Quem não se lembra, ou quem não ouviu falar das reuniões vespertinas que aconteciam na alfaiataria Rex, próxima ao Hotel Líder? Consoante a obra-prima de Osório, muitos marilienses reuniam-se lá para “ouvir as prosas dos trabalhadores e que ninguém duvidasse: a reunião ali fazia merecimento.”(CASTRO, Osório Alves de. Porto Calendário, São Paulo: Francisco Alves, 1961. p. 16). Segundo José Scarabôtolo, “a reunião da Alfaiataria Rex era bastante concorrida”, lá desfilavam, entre muitos, o Dr Coriolano de Carvalho, Laércio Barbalho e João Mesquita Valença que discutiam literatura com o velho Osório Alves de Castro. No Jornal do Comércio [1950], esse conhecido de Osório declara: “lembro-me de que, nas minhas férias, permanecia horas e horas conversando com o bom e místico baiano, alfaiate por obrigação e profissão, mas humanista e literata por vocação.”
Nesse período, o escritor José Geraldo Vieira, que também morava na cidade, havia publicado A Quadragésima Porta (1944) e obtido um grande sucesso pela crítica. Para J. Herculano Pires, esse lançamento serviu principalmente para, além de revelar o talento de José Geraldo Vieira, apresentar “um talento anônimo” aos marilienses, pois Osório havia escrito uma crítica (“com brilho e mestria”), apontando as falhas do livro de J. Geraldo Vieira. Esse episódio ficou célebre em Marília: o grande escritor Geraldo Vieira “se rendeu à inteligência do crítico e obscuro alfaiate”. Como Geraldo Vieira não o conhecia, senão de vista, foi conhecê-lo de perto, passando a freqüentar a Alfaiataria Rex e a discutir, com Osório e outros da roda, assuntos de comum interesse sobre literatura e política.
Baiano de Santa Maria da Vitória, Osório Alves de Castro nasceu em 1901 e faleceu em São Paulo, em 1978, sem ver impresso os livros Maria fecha porta prau boi não te pegar (1978) e Bahiano Tietê (1990). Porto Calendário, o primeiro romance do autor, estava pronto desde 1942, mas só veio a público em 1961, na cidade de Marília. Em 1976, ocorreu a sua segunda edição, em São Paulo.
Numerosas críticas apontaram os defeitos e as qualidades desse escritor. Segundo Lourenço Diaféria, o caso Osório assim se explica: “ele foi, simplesmente, um escritor honesto e digno, que não freqüentou salões e nem coquetéis, cantinas ou exposições para autopromover-se. Desatualizado dos truques e badulaques da mídia (...) não teve sequer tempo para outra coisa a não ser tentar recuperar o tempo que a profissão de alfaiate lhe roubou com a tesoura a cortar ternos para as pessoas elegantes de Marília.”
O escritor Guimarães Rosa, amigo de Osório, leu Porto Calendário antes da publicação e previu que o livro do “mano velho sãofranciscaníssimo” tinha “ousadia intelectual” e haveria de ser “irrupção e bênção, tumulto fecundo, rajada de chuva”. Boa parte da crítica e do público viu em Osório, na época, um talento comparável ao do próprio Guimarães, tanto que lhe concedeu o prêmio Jabuti em 1961.
Assim, a despeito de sua peculiaridade regional, como a de Guimarães Rosa, Osório Alves de Castro também pode ser considerado um nome respeitável no cenário literário brasileiro. (Profª Eliana Nogueira de Lima Pastana - Mestre em Letras pela UNESP. - elianap@flash.tv.br)




Profª Márcia GarciaEspecialista em Literatura e Ensino de Literatura e Mestre em Letras pela Unesp. Professora de Redação no Centro Educacional Profª Márcia Garcia.e-mail: marciaagarcia@yahoo.com.brblog: escreveraquiedez@blogspot.com

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TEXTO PUBLICADO NA COLUNA "LER PARA VIVER", EM 22/01/2009, NO DIÁRIO DE MARÍLIA



Um olhar cosmopolita voltado para Marília, ou, ficticiamente, para Hacrêra



José Geraldo Vieira, médico radiologista (abandonou a medicina na década de 40 para se dedicar exclusivamente à literatura), trabalhou simultaneamente por dezoito anos na Beneficência Portuguesa e na Associação dos Empregados do Comércio do Rio de Janeiro e por quatro anos na Casa de Saúde São Luís, em Marília, para onde se mudou em 1940 por motivos explícitos no romance A ladeira da memória (1950), o qual, embora não seja um romance autobiográfico, contém muito da vida de Geraldo Vieira, considerado pela crítica um autor cosmopolita.

Nas belas páginas desse romance, nossa cidade, denominada ficticiamente de Hacrêra, figura como um dos cenários como se observa nos fragmentos a seguir.


“Assim me hospedei no Hotel São Bento donde, duas horas depois, um pouco recolhido para dentro da janela do quarto, vi uma multidão vagarosa sair do cinema quase fronteiriço.” (VIEIRA, José Geraldo. A ladeira da memória. São Paulo, Saraiva, 1950. p. 184)


“À hora do almoço, na cidade, lhe surpreerdi a feição progressista, os cafés sussurantes, as esquinas atopetadas, os bancos em efervescência. Um passeio carro, pelo centro e arredores, me deu uma noção esquemática do movimento em época de safra. Os caminhões estavam superlotados; as plataformas das usinas, das máquinas de algodão e dos armazéns gerais se achavam congestionadas de mercadoria, e as balanças imperialistas pesavam o suor da gleba.” (idem. 186)


“Mas o povo, Hacrêra, essa Alta Paulista onde estou confinado, passa a me querer bem, a se interessar por mim, a confiar no meu trabalho e na minha presença, a tirar-me da solidão clandestina, a incorporar-me ao seu conjunto. Verdade é que me custou vir a ser parte, fibra ou nervo daquele conglomerado orgânico de minúsculos, tendões, bielas, eixos, diferenciais,
transmissões e alavancas que a faziam, embora sendo a cidade mais no­va do Estado, campeã nos índices de arrecadação, desen­volvimento e produção. (...)” (idem. p.191)


“Hacrêra... Nome suave, mas que se tornou rombo como fama de matriarcado militarista. A sua avenida principal, já quase toda calçada, desde o edifício do Ginásio até diante do Rádio-Clube e do cinema, formava fachada de corpo com hipertiroidismo. No bairro São Miguel e na ourela da estrada de ferro — contrafação imediatista de São Caetano e da Mooca — se erguiam entrepostostos, cooperativas, serrarias, galpões, fábricas, com toneladas de produtos e de matérias primas. Nesse reduto de cimento armado e de metal, com plataformas, chaminés, turbinas, caldeiras e transformadores, se processava, como num grande fígado, a digestão da Alta Paulista.
Já na Rua São Luiz e transversais, lojas atacadistas davam à cidade aspectos de dinamismo concêntrico sempre servido por filas e filas de caminhões abarrotados.
Pouco a pouco os bairros residenciais, lojas atacadistas substituíam orlas de matas e primitivas fazendas, modificando o an­terior frontespício de casas de madeira.” (idem. p. 194-95)


“Hacrêra! Estrutura apressada de sociedade urbana e fabril dentro de áreas rurais; encaixe de primário civilizado em secundário virgem, dando imantação.” (idem. p. 197)



Profª Márcia Garcia
Especialista em Literatura e Ensino de Literatura e Mestre em Letras pela Unesp. Professora de Redação no Centro Educacional Profª Márcia Garcia.
e-mail: marciaagarcia@yahoo.com.br
blog: escreveraquiedez@blogspot.com

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TEXTO PUBLICADO NA COLUNA "LER PARA VIVER", EM 15/01/2009, NO DIÁRIO DE MARÍLIA


José Geraldo Vieira (1897 – 1977) – personagem (esquecido) da memória mariliense


Sabemos que o Brasil, um país rico em produção literária, possui uma memória curta (e Marília, infelizmente, não foge à regra), principalmente em se tratando de seus valores culturais. Dentro do panorama literário nacional, há escritores inteiramente esquecidos pelo público ou pela crítica ou injustamente relegados a breves referências em uma ou outra obra de estudo literário.
José Geraldo Vieira, criador de uma obra vasta, coesa e muito apreciada pelo público e pela crítica da época, encontra-se nesse estado de esquecimento. Considerado por críticos respeitáveis, em muitos aspectos, um inovador do romance brasileiro, sua obra está fora do alcance da geração atual.

Conta José Geraldo Vieira, em uma entrevista concedida a Alcides Moura (Jornal de Notícias, 22 de janeiro de 1950), que, quando estudante de medicina, publicara, em O Jornal, um conto que começava assim: "Nasci na Póvoa de Varzim''. Algum tempo depois, Carlos Maúl, confundido a personagem com o autor do conto, divulgou que este era de Póvoa de Varzim. Um desentendimento entre José Geraldo e Eloy Pontes serviu aumentar a confusão a respeito do nascimento do escritor, uma vez que, como vingança, Pontes espalhou que José Geraldo era estrangeiro.
Em decorrência desses fatos, criou-se uma lenda sobre o nascimento de José Geraldo Vieira. Há quem diga que ele nasceu na freguesia de Porto Judeu (caminho da Cidade), conselho e distrito de Angra do Heroísmo, em Portugal, em 16 de abril de 1895 (Amândio César, 195); há também os que afirmam que Geraldo Vieira nasceu no Distrito Federal, em 16 de abril de 1897 ou até na Bahia.
Na verdade, José Geraldo Manuel Germano Correia Vieira Drummond Machado da Costa Fortuna, descendente em linha varonil dos quatro condes da Feiteira e Terra Chã (Açores), nasceu no Rio de Janeiro, a l6 de abril de 1897, quarenta minutos após o nascimento de seu irmão gêmeo Manuel Geraldo José Germano, que faleceu aos três meses de idade.
Em 1940, momento que interessa, sobretudo, a nós, marilienses, em meio a uma crise de angústia e depressão, José Geraldo Vieira resolveu mudar-se do Rio de Janeiro, onde residia. Sem saber para onde ir, encontrou em um mapa o nome de Marília, para onde se mudou (exilou, segundo ele) e permaneceu até 1946. Em nossa cidade, trabalhou na Casa de Saúde São Luís.


São desse período alguns de suas principais obras:
A quadragésima porta (publicado em 1 943)
A túnica e os dados (publicado em 1947)
Carta a minha filha em prantos (publicado era 1946)


O romance A quadragésima porta (já o trouxera escrito do Rio de Janeiro; em Marília, chegou a refazê-lo inúmeras vezes) alcançou enorme sucesso, ultrapassando o de A mulher que fugiu de Sodoma.
Em vários de seus romances, Geraldo Vieira retratou, com maestria, locais da Marília dos nos de 40: a Avenida Sampaio Vidal com seus bancos, seu hotel São Bento, seu Cine Marília; a Rua São Luís com seu efervescente comércio; a Vila São Miguel com suas fábricas.
José Geraldo Vieira faleceu, em São Paulo, a 18 de agosto de 1977. Suas últimas palavras, no hospital em que permaneceu internado por vários dias, foram. “Vejo agora nitidamente que Deus tem asas, enquanto a bondade dos homens é pequena!”.

Profª Márcia Garcia
Mestre em Letras e Especialista em Literatura e Ensino de Literatura pela UNESP. Professora de Gramática, Literatura e Redação no CENAPHE (Centro de Aperfeiçoamento Humano Educacional Profª Márcia Garcia).e-mail:
marciaagarcia@yahoo.com.br

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE REDAÇÃO

Quanto ao TEMA

Anulação: fuga total ao tema proposto.
Abaixo da média: exploração do assunto, mas desvio do tema; ou abordagem superficial e banalizada do tema.
Na média: abordagem regular, mas previsível do tema.
Acima da média: abordagem completa, clara e pessoal do tema; presença de excelente informatividade.

Quanto à COLETÂNEA

Anulação: desconsideração total dos excertos da coletânea.
Abaixo da média: realização de mera colagem de dados da coletânea; ou utilização superficial da coletânea - usada como um exemplário de acontecimentos, tratados de forma banalizada.
Na média: utilização regular da coletânea, devido à leitura apressada, superficial, simplista da coletânea.
Acima da média: excelente articulação dos elementos da coletânea; utilização bem trabalhada e bem articulada dos fragmentos da coletânea.


Quanto ao TIPO DE TEXTO

Anulação: fuga total ao tipo de texto solicitado.
Abaixo da média: fuga parcial ao tipo de texto solicitado; ou desenvolvimento do tipo de texto solicitado, mas com apresentação de falhas macroestruturais.
Na média: desenvolvimento do tipo de texto solicitado, mas sem boa exploração de seus recursos micro e macroestruturais.
Acima da média: excelente desenvolvimento do tipo textual solicitado.

Quanto à MODALIDADE ESCRITA

Abaixo da média: demonstração de conhecimento insuficiente da variante linguística adequada ao tipo de texto desenvolvido e/ou apresentação de muitas inadequações gramaticais e/ou utilização de termos pertencentes à oralidade injustificáveis pelo contexto.
Na média: demonstração de conhecimento razoável da variante linguística adequada ao tipo de texto desenvolvido e/ou apresentação de algumas inadequações gramaticais injustificáveis pelo contexto.
Acima da média: demonstração de excelente conhecimento e utilização da variante linguística adequada ao tipo de texto solicitado; apresentação de pouca ou nenhuma inadequação gramatical e ortográfica.

Quanto à COESÃO

Abaixo da média: uso inadequado de elementos coesivos (elementos gramaticais e/ou lexicais e conectivos); ou uso adequado - mas muito banal e previsível - de elementos coesivos.
Na média: uso adequado, com alguma sofisticação, dos recursos coesivos.
Acima da média: excelente uso dos elementos coesivos, o que assegura uma leitura fluida e prazerosa do texto; boas articulações sintáticas e textuais e léxico diferenciado.

Quanto à COERÊNCIA

Abaixo da média: ocorrência de várias contradições internas e/ou externas; ausência de continuidade, progressão e de articulação semântica; presença de baixa informatividade.
Na média: uso regular dos requisitos necessários para a coerência interna e externa – continuidade, progressão, não-contradição e articulação; presença de média informatividade.
Acima da média: excelente uso dos requisitos necessários para a coerência interna e externa – continuidade, progressão, não-contradição e articulação; excelente informatividade.

AVISOS - CURSO DE REDAÇÃO / 2009

1. REDAÇÃO - CONTEÚDO E FORMA DE EXPRESSÃO: É PRECISO TER O QUE DIZER E ESCOLHER O MODO MAIS EFICIENTE PARA DIZER


2. APOSTILA - USO DIFERENCIADO


3. DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES EM AULA - DE ACORDO COM TEMPO ESTIPULADO (QUEM TERMINAR A ATIVIDADE ANTES DE ENCERRADO O TEMPO ESTIPULADO, DEVERÁ PERMANECER EM ABSOLUTO SILÊNCIO ATÉ QUE O TEMPO SE ESGOTE; QUEM NÃO CONSEGUIR TERMINAR A ATIVIDADE DENTRO DO TEMPO ESTIPULADO, DEVERÁ OBRIGATORIAMENTE PARÁ-LA QUANDO O TEMPO SE ESGOTAR)


4. RESOLUÇÃO DE ATIVIDADES DA APOSTILA CADERNO DADAS COMO TAREFA - CONSULTAR RESPOSTAS NO BLOG (ATENTAR NÃO SÓ PARA O CONTEÚDO MAS TAMBÉM PARA A FORMA DE EXPRESSÃO: RESPOSTAS CORRETAS, MAS MAL REDIGIDAS, TÊM POUCO VALOR EM NOSSO CURSO DE REDAÇÃO)


5. PRODUÇÃO DE TEXTO - OBEDIÊNCIA RIGOROSA AO TEMPO ESTIPULADO


6. CORREÇÃO - DE ACORDO COM OS CRITÉRIOS CONSTANTES NO VERSO DA FOLHA DE REDAÇÃO


7. NÚMERO DE CORREÇÕES - DUAS POR BIMESTRES PARA NOTA (AS DEMAIS REDAÇÕES, SERÃO APENAS LIDAS PELA PROFESSORA PARA VERIFICAÇÃO CONSTANTE DO DESEMPENHO DO ALUNO)


8. AVALIAÇÕES - DUAS REDAÇÕES COM VALOR TOTAL DE 4 PONTOS E ATIVIDADES EXTRA-CLASSE (POR EXEMPLO, ANÁLISE DE FILME) NUM TOTAL DE 2 PONTOS


9. PARTICIPAÇÃO EM AULA - CONSTANTE E ADEQUADA (MOMENTOS DE PRODUÇÃO DE TEXTO EXIGEM ABSOLUTO SILÊNCIO; MOMENTOS DE DEBATE EXIGEM RESPEITO À OPINIÃO ALHEIA; MOMENTOS DE EXPOSIÇÃO TEÓRICA DO CONTEÚDO EXIGEM TAMBÉM ABSOLUTO SILÊNCIO ETC. )


10. BLOG - LER CONSTANTEMENTE E SEGUIR ORIENTAÇÕES

http://1redacao.blogspot.com/

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

SUGESTÕES DE REPOSTAS PARA AULAS 1 E 2

Aulas 1 e 2


1.Resposta pessoal. Possíveis respostas:

Legenda 1: Caso o agressor tente aplicar-lhe uma gra­vata,segure o braço dele e dobre-se para a frente, para desequilibrá-lo; ou então, usando o calcanhar, dê-lhe um forte pisão no peito do pé.

Legenda 2: No caso de você sofrer uma tentativa de estrangulamento, passe um dos braços por cima das mãos do agressor e gire o tronco com firmeza na mesma direção; se ele for muito mais alto que você, passe sua cabeça por debaixo de um dos braços dele, deslocando o tronco na mesma direção.



2.Resposta pessoal. Exemplo: Uma parada curiosa rolou quando eu estava aprendendo a surfar. Assim que eu joguei a prancha, a onda me pegou e me jogou para o alto. Eu caí, mas foi o maior barato, afinal aquela foi minha primeira onda.Antigamente quem praticava surf conquistava muitas meninas, mas hoje em dia elas dão preferência a quem tem um carro legal.


3.Resposta pessoal. Resposta possível: segundo a fala do rapaz, as meninas hoje são interesseiras, pois dão maior valor aos bens que um rapaz exibe do que aos seus hábitos ou às atividades que refletiriam quem ele realmente é.


5.Resposta pessoal. O que importa é que o texto exponha de forma clara a conclusão a que o aluno chegou, manifestando um grau de reflexão (e consequente elaboração) adequado à linguagem escrita.
BEM-VINDO!!!



Caro(a) aluno(a),


por favor:


1. adicione-me em seu orkut:http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=3091302384279687843&rl=t


2. aceite o convite para participar do seu marciaagarcia@grupos.com.br para poder receber mensagens


3. acesse seu e-mail semanalmente (de preferência aos domingos) para receber mensagens do marciaagarcia@grupos.com.br